
Desinformados na era da informação
A difusão acelerada da informação e o reflexo na vida de muitos jovens (e como a psiquê desses jovens funciona): Você percebe isso? Eu percebo. E muito!
Vivemos no meio de um bombardeio informacional. Não temos tempo sequer de entender se toda essa informação que nos é apresentada no dia a dia é útil ou não. Há pessoas que, inclusive, ficam obcecadas para saber a notícia do dia! Enquanto elas não se conectam o tempo todo com informações, com esse "tsunami informacional" que acaba as soterrando com coisas que, sinceramente, não tem utilidade nenhuma, elas não sossegam. E viram verdadeiros papagaios multiplicadores de coisas inúteis. Mas vamos lá.
Preste atenção na palavra IMPORTAR. Importar significa "levar para dentro", "portar para dentro". Tudo aquilo que se leva para dentro, que fica conosco e não vai embora é CONHECIMENTO. Muita gente, ao ir em busca de conteúdo, é soterrada no dia a dia por informações de múltiplas fontes e não as seleciona direito! Não devemos confundir informação com conhecimento! Informação é cumulativa, conhecimento é seletivo. Por exemplo: comer bem não é comer muito. Comer bem é comer de forma selecionada. Quem não tem critério, não se alimenta bem, acha que comer bem é comer muito. Cada dia que passa eu fico mais criteriosa com as coisas.
Eu não quero gastar o meu tempo de existência com aquilo que não importa tanto. As pessoas para aprender precisam ter como ponto de partida aquilo que está no mundo delas. A tarefa da educação é gerar autonomia! Autonomia é a capacidade da pessoa procurar conhecimento, ou seja, autoconstruir-se. Entendo que para educar deve-se partir daquilo que o aluno já sabe para chegar aonde ele precisa saber. Os alunos de hoje não conheceram o Airton Senna, por exemplo, pois quando eles nasceram, o Senna já tinha morrido. Eles não têm ideia quando se fala do indivíduo, do esporte, do percurso, da prática do esporte. É outra lógica!
Os alunos de hoje não conheceram as Torres Gêmeas porque quando eles nasceram as torres não tinham sido derrubadas, mas quando caíram esses alunos tinham cerca de 3, 4 anos. Eu, por exemplo, sei desses acontecimentos pois guardo isso na minha memória. Sei onde eu estava e o que eu estava fazendo quando essas fatalidades aconteceram. Já os alunos de hoje têm esses acontecimentos como PARTE DA HISTÓRIA. Eles leram sobre o que aconteceu. O conhecimento deles não vem da mesma emoção que a nossa. É preciso saber selecionar a informação que faz sentido para cada um de nós.
O trabalho de desconstrução da igualdade metodológica na educação do Brasil (como o novo ensino médio, por exemplo) associado ao uso da tecnologia (sem entrar no mérito das fobias) de forma CONSCIENTE é o caminho para beneficiar e ampliar o conhecimento vivo dos alunos nas lógicas de tempo, nos modos de produção e nas futuras relações de trabalho.

