Os Mitos do Narcisista. Primeiro Mito: Ele é um bom marido e um bom pai. Será mesmo?
Antes de revelar o mito do narcisista como bom marido e bom pai, convém analisar, primeiramente, o mito em torno das palavras marido e pai. A cultura brasileira, assim como as demais culturas do hemisfério ocidental, atribui uma conotação quase sagrada a estas palavras. A maioria das pessoas as protege por evocar sentimentos afetivos e carinhosos, embora marido e pai sejam uma instituição de reputação inquestionável. Ser marido e pai, confere ao homem um status renovado. Quando se torna pai, o “marido-pai” adquire direitos que o destacam perante outros homens. Entre estes direitos, está o controle absoluto sobre a vida de outro ser humano. Esta responsabilidade projeta o “marido-pai” a um patamar humano mais elevado, respeitado e apreciado por todos. O homem, quando pai, torna-se puro. Esta transformação de tão óbvia não exige grandes explicações e, assim, como a morte perdoa e engrandece, "pai é pai". Portanto, poucos se atrevem a questionar o mérito do marido-pai. Esta herança forte tem se perpetuado em nossa cultura por milhares de anos. A vítima, esposa de um marido narcisista, pagou com o seu amor-próprio para se tornar membro desta instituição. O narcisista se escuda na palavra marido e pai diariamente, sabe que pode torturar psicologicamente a esposa e os filhos porque ele é marido e pai e, como tal, imune à críticas. O comportamento impiedoso dele nunca é descoberto, porque quase ninguém acredita na vítima. No mundo real, ou seja, na realidade em que vive, a vítima está ciente de que ela, na presença do narcisista, não será acolhida, mas obliterada; que quanto maior a influência dele, menor a vítima se torna. A vítima não é especial por ser quem ela é, mas pelo que pode proporcionar ao narcisista. Diferentemente do que se veicula nos comerciais de dia dos namorados, ele não abraça forte para consolar a vítima quando ela se sente triste. Quando A vítima precisa dele, ele nunca está disponível, seja em pessoa ou emocionalmente. A palavra marido, para a vítima, abre a porta de um mundo prenhe de contradições. O verdadeiro marido-pai é quem ama e cuida do bem-estar físico, emocional e psicológico de seus filhos, aspectos tão significativos que superam a herança genética e biológica. Um marido-pai genuíno não usa seus filhos como justificativa das suas próprias falhas nem os acusa de serem empecilhos de seu sucesso. Ele certamente abdica de usá-los para se promover ou como instrumentos para atingir seus objetivos. O narcisista acaba com a vítima e com o seu amor-próprio, também arruína com os seus laços familiares. Não há harmonia familiar que resista a influência narcisista, por melhor que seja a intenção de seus membros, ele é disfuncional. Não existe equilíbrio ou possibilidade de entendimento enquanto uma família se encontra regida pela tirania narcisista. Tudo o que acontece na família está relacionado ao marido-pai, que define a dinâmica dos relacionamentos entre todos. Isso é devido ao fato de que o narcisista usa a vítima, seus pais e seus filhos, como qualquer outra pessoa na vida dele: como instrumentos, ele manipula todos como pequenos marionetes. Aquele que se recusa a viver em função dos humores e caprichos do narcisista fica automaticamente excluído do círculo familiar. Por ser muito sutil é difícil de detectar essa espécie de favorecimento caso a pessoa não seja parte ou amigo íntimo da família. Somente aqueles que têm um convívio diário com um narcisista conhecem seus maneirismos, seus sorrisos especiais e gestos coquetes. Somente quem tem um marido-pai narcisista sabe como a vida em família é solitária. No final de um drama narcisista, só há uma vítima (e um vencedor): ele!
4/25/20230 min read
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